sexta-feira, setembro 29, 2006

Sonhos em queda



Percorro as ruas num Outono onde as almas se cruzam

na melancolia das folhas que encontram o chão ao sabor do vento.

O sol já não ilumina a alma com o mesmo brilho

E os dias esses conhecessem mais pequenos, alguns houve que

anunciaram o Inverno, mas continuam vagarosos …aguardam a mudança da hora.

As almas reflectem o tempo, o abismo é já ali …mergulho

na facilidade da descida, sobre uma corrente fria que me orienta e recorda outros Outonos.

Vejo outras almas resignarem-se a um destino sem alternativa

cair é fácil, não reagir mais fácil ainda …

Bem lá do fundo ouço :

Bem vindo ao passado

Bateste no fundo e à tua volta estão milhares de almas olhando-se num misto de dor e tristeza sem saber o que fazer. Num palco ao centro surge uma imagem projectada onde se vê a mão de um criança de 1 ano agarrando a boca da mãe numa clínica de apoio alimentar no Niger. Aqui não há Outono … só pragas de gafanhotos e uma seca que desnutre qualquer alma que por aqui passe. Agora imagina a mão dessa criança a pedir-te comida …não reagias ? Fosse Outono, Inverno …ou sempre Verão.

1º Prémio World Press Photo 2006

Um presente para Vocês a galeria das fotos a concurso

sexta-feira, setembro 22, 2006

Inspirar–te numa expiração



A penumbra como envolvente,

um lugar em que os sons sejam

comuns e de baixo tom,

roupas largas e sem apertos.

Uma manta sobre o chão ou

um tapete de espuma fino e estamos

preparados para a viagem.

Deitados com as costas sobre o solo,

iniciamos o primeiro conjunto de inspirações

profundas mas compassadas.

O ar é inspirado de forma a preencher a totalidade dos

pulmões e é expirado suavemente, sem pressas

(3 minutos aprox.)

Agora que os pulmões ganharam alguma elasticidade,

vamos afastar ligeiramente os braços e iniciar novo ciclo de inspirações,

só que agora ao expirar o ar é forçado a sair com a ajuda dos abdominais.

no final de cada expiração, pára e só depois volta a inspirar.

Sem pressas de oxigenar. As palmas das mãos sobre o solo pode ajudar.

(3 minutos aprox.)

Para terminar e ainda na mesma posição,

vamos encolher os ombros sem forçar,

e iniciamos novo ciclo de inspirações.

Dada a posição é natural que a inspiração

seja menos eficaz mas o objectivo é obrigar

o ar a preencher a parte superior dos pulmões.

(3 minutos aprox.)

O ideal é com treino acompanhar a meditação

com a respiração e os resultados surgem naturalmente.

Ao fim de 3 semanas passar de 3 para 5 minutos e

Temos 15 minutos de relaxamento diário.

Aqui ficam alguns links que podem complementar o Vosso interesse.

http://www.how-to-meditate.org/breathing-meditations.htm

http://www.respire.net/index.html

http://breathmastery.com/breathworks.htm


sexta-feira, setembro 15, 2006

Antes que o mundo nos pare

Paramos nós o mundo.

Ao fim do dia quando o mundo regressa a casa,

É bom regressarmos a nós mesmos,

Descontraindo e meditando …

Em 10 minutos o mundo somos nós, retemperando as energias.


Este pequeno exercício ajuda a concentração, o controle da vontade

e a abstrairmo-nos do mundo.

Numa posição sentada ou deitada, com roupas largas,

vamos mentalmente percorrer todo o nosso corpo.

Nas primeiras tentativas é provável que surjam outros

pensamentos, mas é aí que a nossa vontade entra.

De cada vez que a mente se distraia com algo voltamos

ao início …até conseguirmos chegar …à ponta do cabelo.

Simples, eficaz …mas com óptimos resultados ao fim de poucas sessões.

A técnica de respiração também é importante mas fica para a semana …tudo depende

Do Vosso interesse.










segunda-feira, setembro 11, 2006

Ground Zero Aqui e Além


(Este post pode perturbar o seu dia ou a sua noite)

A pergunta mais ouvida nos media desde a semana passada tem sido :

O que mudou desde o 11-Setembro ?

Nada mudou ...em definitivo. A consciência dos actos deploráveis à escala mundial mantêm-se.

Então mas antes de 11 de Setembro não ocorreu um dos maiores massacres que a História do século XX conhece ? Mas pouca ou muito pouca gente se apercebeu do genocídio que durou 100 dias no Rwanda e o número (como uma vida não valesse tanto como N) de mortos ascendeu a mais de 1 milhão. As imagens e videos da BBC falam por si, apesar da morte dos soldados Belgas, mais uma vez e tal como aconteceu recentmente no Libano a ONU protelou uma intervenção armada ...ao ponto de morrerem 1 milhão de seres humanos.

http://news.bbc.co.uk/2/hi/programmes/panorama/3582011.stm

Num dos links um dos autores diz-se possuído pelo diabo e descreve a forma como matou tudo o que se mexia à sua frente. Matou porque apesar de vizinhos eram de etnias diferentes ele Hutu eles Tutsis.

Quando não há justificação para fazer mal, o ser humano usa as crenças, o sobrenatural, o que está para lá de si, o divino para conduzir as massas. A História desde a antiguidade aos dias de hoje está repleta de exemplos ... não só do mundo ocidental, mas também do mundo islâmico ...foi exactamente a sobreposição do sobrenatural (neste caso por Alá) sobre as vidas humanas que viajavam nos aviões e das vidas que se sublimaram nas torres, o mediático … da situação que não existiu no Rwanda.

Mas afinal o que ainda não mudou HOJE, a consciência do valor da vida humana quando tudo e todos fizerem do seu dia a dia uma luta por este objectivo aí vamos ter mais um passo na evolução humana. Porque a vida continua a ter o mesmo valor que tinha há 2000 anos atrás … sobretudo quando o objectivo é “querer mais sem olhar para os lados”.

O Iraque é hoje um país livre? O Afeganistão teve este ano a maior produção de ópio de sempre, o negócio de armas continua longe do fim.

Quando se diz que o Irão está a enriquecer urânio devíamos também denunciar outro país que o está a fazer em escalas bem maiores, o Brasil. Esta dualidade de critérios mina e corrompe consciências.

Aqui também existe um ground zero e continuará a ser enquanto não despertarmos para uma consciência de vida.


Salta hoje daqui destas palavras para o teu último dia, a tua última hora, o teu último segundo …não é escuro, nem claro, é exactamente o que vem a seguir:

quinta-feira, setembro 07, 2006

Guéri de toi



7:00 da manhã o nevoeiro acorda a cidade
atravessada por veículos apressados, de direcção
bem definida, todos seguem na buscar de um chegar.
Espreguiço-me em jeito de me esticar, alongo e inspiro
profundamente ar fresco de uma janela que conhece a noite
sempre aberta.
O pensamento foge-me para dentro de um silêncio que só
a água que nos envolve consegue.
Mergulho e comigo milhões de bolhas me acompanham num corropio
que as minhas mãos lideram, o corpo roda ligeiramente para fazer
a primeira braçada, a boca sobre o ombro,inspira sem pressa,
As próximas quatro braçadas são feitas libertando o ar dos pulmões.
O movimento das pernas é automático a cada rotação duas batidas.
As mãos espalmadas, dedos colados, entram em diagonal sobre a água, o braço
esquerdo faz um "s" perfeito enquanto o direito esticado dá-te o perfil que te faz evoluir
num sentido de chegar ...a uma parede que rápidamente se aproxima.
Preparas-te para a rotaçáo na parede.
Inspirar, deslizar,o braço direito curva e roda sobre o corpo,
as pernas são puxadas para a frente enquanto a cabeça junta aos joelhos,
a planta dos pés assenta sobre a parede, os joelhos amortecem o movimento,
a gravidade é reduzida, o efeito mola em compressão passa a distenção.

O corpo é projectado em frente, ondulando e batendo os pés em simultâneo,
em jeito de uma cauda,

a falta de oxigénio faz-te rodar de novo e inspirar
os problemas, a luta do dia, numa hora de reflexão onde só tu e o teu silêncio
existem.
O silêncio azul transparente da água é interrompido pelo som projectado no espaço
da piscina de 50m:
...
Avant que le temps m'ait trahie
J'ai guéri de toi, guéri de toi
Je n'ai presque plus mal
J'ai guéri de toi, guéri de toi
Juste à peine un peu froid
Mais guérie de quoi? Guérie de quoi?
Si l'amour m'est égal?
J'ai presque plus mal, juste un peu froid
...

sexta-feira, setembro 01, 2006

Woman in Somalia




A expressão que procuro não existe

é procurar a tristeza onde não há palavras para dizer,

as lágrimas evaporam-se da alma.

As paredes brancas que nos rodeiam

vão comprimindo o desespero de um grito.

Ao passar da porta tudo acontece de forma automática.

Abrir o carro, entrar e deixar quatro rodas levarem-me ...

não sei porquê mas o apelo do mar dá-me um conforto envolto num som

que eu adoro ...não só pela melancolia da sua voz,

mas porque recordo ...os videos, as músicas, a

história desta modelo que se apaixonou por um toureiro e

foi abandonada, esquecida ...até que a sua voz secou ...

tal como a sua alma.

Eu pergunto ...como é possível ?


Vocês vêm alguma coisa de errado ...falo da música claro.

Escrevo isto e vêm-me à memória como de uma forma

paradoxal a liberdade também pode magoar, um texto fantástico

em http://vampirablack.blogspot.com/ no “Eu quero”.

Mas ainda me interrogo de quanto valem estas tempestades,

Quando há uma mulher (entre muitas) na Somália ( ou outro País)

Que chora e aos poucos morre sobre um destino que não escolheu:

There is a woman in Somalia
The sun gives her no mercy
The same sky we lay under
Burns her to the bone
Long as afternoon shadows
It's gonna take her to get home
Each grain carefully wrapped up
Pearls for her little girl

Hallelujah
Hallelujah