sexta-feira, setembro 29, 2006

Sonhos em queda



Percorro as ruas num Outono onde as almas se cruzam

na melancolia das folhas que encontram o chão ao sabor do vento.

O sol já não ilumina a alma com o mesmo brilho

E os dias esses conhecessem mais pequenos, alguns houve que

anunciaram o Inverno, mas continuam vagarosos …aguardam a mudança da hora.

As almas reflectem o tempo, o abismo é já ali …mergulho

na facilidade da descida, sobre uma corrente fria que me orienta e recorda outros Outonos.

Vejo outras almas resignarem-se a um destino sem alternativa

cair é fácil, não reagir mais fácil ainda …

Bem lá do fundo ouço :

Bem vindo ao passado

Bateste no fundo e à tua volta estão milhares de almas olhando-se num misto de dor e tristeza sem saber o que fazer. Num palco ao centro surge uma imagem projectada onde se vê a mão de um criança de 1 ano agarrando a boca da mãe numa clínica de apoio alimentar no Niger. Aqui não há Outono … só pragas de gafanhotos e uma seca que desnutre qualquer alma que por aqui passe. Agora imagina a mão dessa criança a pedir-te comida …não reagias ? Fosse Outono, Inverno …ou sempre Verão.

1º Prémio World Press Photo 2006

Um presente para Vocês a galeria das fotos a concurso

14 Comments:

Blogger yora said...

Sítios onde simplesmente o tempo não existe. Por isso todas as almas se sentem vazias ao visitá-los.
Porque a palavra viver é uma luta constante de sentidos.
Se essa crinça me estendesse a mão a pedir ajudar? Estender-lhe-ia a minha dar-lhe-ia significado ao tempo.
Abraço =D

9:39 da tarde  
Blogger Bel said...

As fotos são fantas ticas, mas o texto supera as. muitos parabéns. A música dos GNR tambem dá um ambiente de misterio e nostalgia.
Bom fim de semana

10:02 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Costuma-se dizer que a única coisa serta que temos quado nascemos é a morte. Mas pelo menos temos sempre um futuro (maior ou menor) pela frente. Neste casos não existe futuro apenas breves instantes são quase como "efémeras" as suas passagens pela Terra só que cheias de sofrimento, sofrimento esse a que tantos de nós fechamos os olhos, viramos a cara ou simplesmente carregamos num botão para o "apagar" mais rápidamente.
São Vidas breves mas muito vividas quase com 100 anos...

1:38 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

certa

1:39 da manhã  
Blogger Hipatia said...

Parabéns pelos dois aninhos de blogue :))

No mínimo mais dois; de preferência muitos mais ;)

:*

10:06 da tarde  
Blogger Teresa Durães said...

há muita gente que vai abaixo com a mudança de estação. Fisicamente. Acontece mais nas mulheres do que nos homens, por acaso.

Vivemos na época das depressões.

Tratando passa. Quando é preciso tratamento, claro. Se não volta-se a estabilizar e continua-se.

Boa noite

10:53 da tarde  
Blogger Mina said...

Subscrevo as tuas palavras... e fico sem elas.
Já o ano passado fui ver a exposição, e este ano não a posso perder.
Uma boa semana, beijoca.

10:43 da manhã  
Blogger Sea said...

Fiz um post, há uns tempos, com uma coincidência do World Press Photo.
As imagens, continuam a transmitir mais do que um discurso inflamado.
beijo

5:54 da tarde  
Blogger Sea said...

O post é este: http://seaplace.blogspot.com/2006/07/lembrei-me-de-ver-qual-foto-vencedora.html
beijos e bom dia

9:44 da manhã  
Blogger naoseiquenome usar said...

Eu sou uma pessoa "esquisita" como diz a Joana Amaral dias do DN. Gosto do Outono e de não ter de justificar porque não se vai aqui ou acolá. Gosto de estar em casa, no pouco tempo que resta.
També sou defensora de que a filosofia da solidariedade abstracta não resolve nada. Temos tantos problemas ao pé da porta e nem olhamos....


Um beijo

9:49 da tarde  
Blogger GK said...

Bom destaque. Parabéns. Merece ser divulgada.

10:10 da tarde  
Blogger Å®t Øf £övë said...

Luis,
Tenho andado distante....hoje decidi vir ler-te... eu prefiro claramente a Primavera e o Verão, principalmente porque nos transmitem outra energia e alegria no dia-a-dia.
Quanto a essa foto, deixa-me que te pergunte:
Quem é que consegue, ou conseguiria ficar indiferente?
Abraço.

11:33 da tarde  
Blogger Cris said...

A apatia e a indiferença tornaram-se estandartes da nossa sociedade, isso deixa-me triste.

O texto é feroz, contrasta com a tristeza muda da fotografia da mãozinha em desespero e da dor daqueles olhos de mãe. Não consigo sequer imaginar a dor e o sofrimento.

Gostei deste sítio. Eu volto.

Cris

2:15 da tarde  
Blogger Unknown said...

Nesta altura os dias tornam-se mais curtos e pela primeira vez senti saudades do verão por causa dos pôr-do-sol tardios...

5:24 da tarde  

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